Tratamento Cirúrgico Diferido de Trauma do Membro Superior em Contexto Pandémico

Autores

Palavras-chave:

COVID‐19, Fatores de Tempo, Fraturas do Radio, Fixação de Fratura/métodos, Gestão da Dor, Lesões do Braço/cirurgia, Lesões do Braço/tratamento, Pandemia, Procedimentos Ortopédicos, Tempo para o Tratamento

Resumo

Introdução: Com o objetivo de gerir o elevado número de doentes com fraturas do membro superior que requerem tratamento cirúrgico, é essencial a existência de uma estrutura bem definida, com o intuito de promover uma resposta adequada a cada tipo de patologia ortopédica e enquadrar na realidade de todas as outras patologias. Com um intuito de promover uma diminuição dos tempos de internamento e promover um melhor tratamento dos doentes, o nosso serviço promoveu o tratamento diferido de inúmeras patologias na área da traumatologia.

O objetivo do estudo foi o de avaliar o tipo de patologias, características dos doentes, grau de satisfação e controlo da dor dos doentes com fraturas do membro superior, tratados de modo diferido no nosso centro hospitalar, no ano de 2020, um ano severamente marcado pelo contexto pandémico mundial pelo COVID‐19.

Métodos: Desenvolvemos um estudo observacional retrospetivo com a avaliação de 71 doentes tratados de modo diferido e que aguardaram na sua residência a chamada para tratamento cirúrgico.

Resultados: Registamos uma média de idades de 49 anos (14‐71), sendo 40 do género masculino (56,3%). Os diagnósticos mais frequentes foram fratura do radio distal (36,6%; n=26), fratura de metacarpianos (19,7%, n=14) e fraturas de falanges (11,3%, n=8). O tempo médio deste a vinda ao serviço de urgência até ao tratamento cirúrgico definitivo foi de 7 dias e o risco anestésico mais frequente foi ASA 2 (em 64,6%). Após contacto telefónico realizado em Maio de 2021, foi possível avaliar 36 dos 65 doentes operados, sendo que 89% referiram satisfação com a possibilidade de aguardar o tratamento cirúrgico no domicílio e 92% referiu recomendar este tipo de estratégia. Relativamente ao controlo da dor no domicílio, enquanto aguardavam pela cirurgia, aplicando o score VAS: a média foi de 1,94 (0 – 9). Aplicamos o score (QuickDASH) a todos os doentes com fraturas do rádio distal incluídas no grupo, com uma média de 18,2 pontos (0 – 65,9; DP 18,65).

Conclusão: O tratamento diferido de patologia traumática do membro superior foi satisfatório para os doentes, que recomendam o tratamento e permitiram um controlo da dor em todo o curso clínico.

 

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Schmidt AH, Anglen JO, Nana AD, Varecka TF. Adult trauma: getting through the night. Instr Course Lect. 2010;59:437‐53.

Crist BD, Ferguson T, Murtha YM, Lee MA. Surgical timing of treating injured extremities: an evolving concept of urgency. Instr Course Lect. 2013;62:17‐28.

Cashman JP, Guerin SM, Hemsing M, McCormack D. Effect of deferred treatment of supracondylar humeral fractures. Surgeon. 2010;8:71‐3. doi: 10.1016/j.surge.2009.10.011.

Yiğit Ş. What should be the timing of surgical treatment of humeral shaft fractures? Medicine. 2020;99:e19858. doi: 10.1097/ MD.0000000000019858.

Randau TM, Jaenisch M, Haffer H, Schömig F, Kasapovic A, Olejniczak K, et al. Collateral effect of COVID‐19 on orthopedic and trauma surgery. PLoS One. 2020;15:e0238759. doi: 10.1371/journal. pone.0238759.

Direção Geral da Saúde. Rede Nacional de Especialidade Hospitalar e de Referenciação: Ortopedia. Lisboa: DGS;2018.

Gummesson C, Atroshi I, Ekdahl C. The disabilities of the arm, shoulder and hand (DASH) outcome questionnaire: longitudinal construct validity and measuring self‐rated health change after surgery. BMC Musculoskelet Disord. ;4:11. doi: 10.1186/1471‐2474‐4‐11.

Tsang P, Walton D, Grewal R, MacDermid J. Validation of the Quick‐DASH and DASH in Patients With Distal Radius Fractures Through Agreement Analysis. Arch Phys Med Rehabil. 2017;98:1217‐22.e1. doi: 10.1016/j.apmr.2016.11.023.

Tornetta P, Ricci W, Court‐Brown CM, McQueen MM, McKee M, editors. Rockwood and Green’s Fractures in Adults Add to Wish List Rock‐ wood and Green’s Fractures in Adults. Alphen aan den Rijn: Wolters Kluwer; 2019.

Tang JB. Distal radius fracture: diagnosis, treatment, and controversies. Clin Plast Surg. 2014;41:481‐99. doi: 10.1016/j.cps.2014.04.001.

Marian AA, Bayman EO, Gillett A, Hadder B, Todd MM. The influence of the type and design of the anesthesia record on ASA physical status scores in surgical patients: paper records vs. electronic anesthesia records. BMC Med Inform Decis Mak. 2016;16:29. doi: 10.1186/ s12911‐016‐0267‐6.

Ochen Y, Peek J, van der Velde D, Beeres FJ, van Heijl M, Groenwold RH, et al. Operative vs Nonoperative Treatment of Distal Radius Fractures in Adults: A Systematic Review and Meta‐analysis. JAMA Netw Open. 2020;3:e203497. doi: 10.1001/jamanetworkopen.2020.3497.

Kasapinova K, Kamiloski V. Outcomes of surgically treated distal radius fractures associated with triangular fibrocartilage complex injury. J Hand Ther. 2020;33:339‐45. doi: 10.1016/j.jht.2017.09.012. .

Entidade Reguladora da Saúde. Relatório ERS: Portugal em 2014. Lisboa: ERS; 2015.

Downloads

Publicado

2024-01-21

Edição

Secção

Artigo Original

Como Citar

Tratamento Cirúrgico Diferido de Trauma do Membro Superior em Contexto Pandémico. (2024). Orthopaedic SPOT, 1(1), 12-16. https://orthopaedicspot.com/index.php/journal/article/view/1

Artigos mais lidos do(s) mesmo(s) autor(es)

1 2 > >>